Se foi por meras razões humanas que lutei… (1 Co 15.32)
Esta constatação de Paulo não nos é desconhecida e nem apenas pertence ao passado. Na sociedade de alta competitividade em que estamos, muitas pessoas, inclusive uma parcela significativa de cristãos, investem seu tempo, sua energia, seu dinheiro, enfim, sua vida para obter o que Paulo chama aqui de ‘meras razões humanas’.
Mas o que é isto? Do que se trata afinal? Penso que na sua carta aos Filipenses (3.4-7), o apóstolo nos descreve de maneira curta, mas precisa, o que podem ser ‘meras razões humanas’, desejadas em seus dias: a ambição de projeção pessoal e social por intermédio da religião.
Querer projetar-se por intermédio da religião é assunto que conhecemos bem no Brasil de hoje. Mas existem outros caminhos de projeção em nossa sociedade. O alto investimento de tempo, dinheiro e energia na carreira profissional, na beleza física e na saúde, na busca pelos melhores salários e na obtenção de uma consciência autodenominada crítica torna grande parcela das pessoas, cristãs e/ou não-cristãs, dependentes quase que exclusivamente de ‘meras razões humanas’.
Ou seja, vive-se somente no presente e daquilo que ele pode oferecer para a realização da projeção pessoal e social. Quando algumas destas metas não são alcançadas como projetadas, então corremos o risco de concluir que a vida é algo vazio e frustrante, uma espécie de nada que se manifesta de maneira crescente e atordoante.
Neste contexto, de expectativas sonhadas e de realizações que ficaram pelo caminho, tem-se a sensação de que o prognóstico de Nietzsche para a sociedade moderna e contemporânea estava correto: ela é, em geral, uma sociedade de frustrados!
Como lidar com esta realidade? Existe saída? Paulo nos indica o caminho. Ele sugere que lidemos com ‘as coisas do mundo’ (1 Co 7.29-31) como algo passageiro, do qual possamos nos desapegar, e aponta para Cristo como única fonte de satisfação do ser humano. Ouçamos suas palavras acerca deste assunto:
“O que para mim era lucro, passei a considerar como perda, por causa de Cristo. Mais do que isto, considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por quem perdi todas as coisas” (Fp 3).
Mário Tessmann